sexta-feira, 4 de maio de 2012

Kasinski Prima 150

Kasinski Prima 150: a prima da Vespa
Scooter traz (belo) estilo italiano, (boa) mecânica chinesa, preço atraente e garantia de três anos


Kasinki
O design é um dos pontos fortes do Prima: linhas lembram a Vespa italiana, assim como a pintura bicolor


Na hora de sair do trabalho, dou aquela rápida sapeada na internet para conferir o trânsito. Tinha “caído o mundo” naquele fim de tarde, e algumas ruas e avenidas estavam alagadas. O resultado? Nada menos que 200 km de lentidão em São Paulo. “Hoje é dia de levar duas horas para chegar em casa, num trajeto que normalmente gasto 40 minutos”, pensei. Mas na garagem da Editora Globo não me esperava um carro de teste, e sim a melhor alternativa para fugir dos congestionamentos: um scooter, o Kasinski Prima 150.
Antes de encarar o engarrafamento, uma rápida vistoria. Dos scooters à venda no Brasil, o Prima é o que mais se assemelha à original Vespa italiana, da Piaggio. O desenho da carenagem e, principalmente, a pintura bicolor dão um chame extra ao modelo da Kasinski. Não sei o quanto o painel e o banco caramelo dessa versão vinho (há também preta e amarela) vão durar sem encardir, mas o efeito é bem bacana. Pena que o acabamento ainda não esteja no nível de Honda Lead ou Yamaha Neo: não é difícil encontrar rebarbas nas peças plásticas.
Uma vez acomodado, chama atenção o quadro de instrumentos, bem completo para um scooter. Há velocímetro, marcador de combustível e conta-giros, além do hodômetro (só faltou um reloginho digital). Outro diferencial está no bocal do tanque na parte externa (geralmente fica sob o banco nesse tipo de moto), muito prático de usar – basta girar a chave para destravar a tampa. Por falar no tanque, ele tem bons 7 litros de capacidade, o maior da categoria.


Kasinski
Posição de pilotagem pode ser mais reta, com os pés para baixo, ou inclinada, com os pés apoiados na carenagem dianteira


Ao lado do bocal existe um prático espaço para pequenos objetos, mas falta uma tampinha com chave (item oferecido por alguns concorrentes). Dessa forma, os pertences ficam desprotegidos da chuva e podem cair em alguma manobra mais brusca. Em compensação, o bagageiro sob o banco é bem generoso: cabe um capacete fechado e ainda sobra espaço para a mochila do dia a dia. Além disso, o compartimento vem forrado com carpete (que pode ser retirado para lavagem).
Dada a partida, o motor 150 cc agrada pela suavidade de funcionamento, com pouca vibração. De fabricação chinesa, o propulsor PZ (Piaggio Zongshen) é o mesmo que equipava as Vespas LX 150 até 2005 – depois elas ganharam injeção eletrônica. O único pênalti do motorzinho é a presença do velho carburador, o que exige um período de aquecimento da máquina antes de funcionar a plenos pulmões (além de ser indicado não deixá-lo sem ligar por muitos dias). Rivais como Lead e Suzuki Burgman já aderiram à eletrônica.


Kasinski
Boas sacadas do projeto: compartimento sob o banco é generoso (e ainda vem forrado), enquanto o tanque fica na parte externa

Mesmo carburado, o Prima é esperto. “Essa motinho é valente, hein?”, diz, surpreso, nosso auxiliar de testes Alexandre Silvestre. Concordo com ele. Dono de uma 300 cc, eu posso dizer que, na cidade, senti pouca falta da minha moto. Isso porque a relação peso/potência desse Kasinski é muito boa, com 12,2 cv para apenas 106 kg. Assim, o modelo revela acelerações e retomadas animadas. O segredo é manter o motorzinho em giro elevado (de 5 mil a 8 mil rpm), pois o torque de 1,1 kgfm está disponível somente a 7 mil rpm. Mas o bom é que, mesmo a 80 km/h, você pode exigir do acelerador que o Prima responde.
O teste definitivo foi levar o Silvestre na garupa. Somados, eu e ele superamos os 160 kg. E mesmo assim o Prima não negou fogo, inclusive nas ladeiras. O peso extra, porém, agravou um problema: os freios deixam a desejar. Ainda que tenha disco na dianteira, o sistema apresenta resposta lenta e pouco eficiente, “borrachuda”. Em algumas situações, como descidas levando garupa, parece que a moto não vai parar, exigindo força nas mãos. Por outro lado, o câmbio CVT deixa a condução bastante relaxada. É só acelerar e frear.


Kasinski
Rodas aro 13 ajudam na estabilidade. Painel tem conta-giros e iluminação azulada, mas o acabamento poderia ser mais caprichado


Fácil de pilotar, o Prima também revela bom comportamento. As suspensões são macias e absorvem bem os buracos, o que proporciona maior conforto e segurança na condução – ela reclama apenas em pisos mais judiados. A estabilidade garantida pelas rodas aro 13 (melhor que os aros 12 de alguns rivais) agrada nas curvas e desvios dos carros, mas no começo é preciso se acostumar com a frente um pouco leve. Quanto ao carona, houve divergências: uns reclamaram da posição das pedaleiras (muito alta), outros acharam mais cômoda que nos concorrentes. O banco largo é confortável e ajuda na acomodação.
Lançado por R$ 5.990, o Kasinski Prima hoje é vendido a promocionais R$ 5.390 – com direito a capacete grátis em algumas concessionárias. É um valor atraente se comparado ao de modelos mais tradicionais, como Lead (R$ 5.690), Neo (R$ 6.590) ou Burgman (R$ 5.990). Pelo motor mais forte, design e garantia de três anos, essa Kasinski aparece como boa opção para quem procura um scooter diferenciado. Ah, e sabe quanto tempo levei para chegar em casa naquele dia? Menos de meia hora!